sexta-feira, 29 de agosto de 2008

A Associação


-Edificio da “Escola Antiga”, nas margens do Rio Mondego-


A aldeia fundou no inicio da década de 40, a Associação de Melhoramentos e Progressos da Foz do Dão, tendo extendido uma sua Delegação à cidade do Rio de Janeiro - Brasil

É de realçar o facto de há 60 anos, uma pequena aldeia ter tido capacidade e espírito associativo, para se unir à volta da sua Associação, com o único intuito de melhorar as condições de vida da sua gente.

É certo que não o conseguiu em pleno, principalmente porque a construção da barragem foi desde sempre um entrave ao desenvolvimento da terra. Pensamos que os primeiros estudos técnicos remontam ao ano de 1938.

A Associação, apesar da desigualdade de forças, lutou com todas as suas armas para que aquela obra não fosse construída; fez tudo, a toda a gente pediu, para conseguir tal desiderato, e, na altura, havia gente no concelho que poderia ter obstado aquela construção, mas infelizmente, apesar dos muitos pedidos e de ter poder suficiente para a impedir, não o fez: certamente porque não quis.

Estavam então previstos para o rio Mondego, os aproveitamentos hidroeléctricos a seguir indicados:
• Asse-Dasse, Vila Soeiro, Girabolhos, Ervedal e Foz do Dão

Apesar de, segundo a previsão, a construção dos mesmos ser a ordem indicada, lamentavelmente para a terra, o único concretizado foi o da Foz do Dão, os outros, continuam por realizar. Neste caso, aplica-se com toda a propriedade, o principio de que “OS ULTIMOS SÃO OS PRIMEIROS”

Estamos convencidos que se fosse hoje, o empreendimento, teria alguma dificuldade de implantação naquele lugar, pois, procurando bem, não deixaríamos de encontrar por ali uma pintura rupestre, uma pegada de dinossauro ou um melro de bico amarelo que se recusaria terminantemente a nidificar fora daquele local.

Foi por tudo isto que a terra e as suas gentes começaram há muitas dezenas de anos a pagar caro o preço do progresso.

Desde o inicio do século XX que a Foz do Dão possuia escola primária. Esta funcionava numa residência junto ao rio Mondego, pertencente a José Sebastião Ferreira e servia a população estudantil da Foz do Dão, Chamadouro e Oveiro.

Não obstante a povoação continuar com a ”espada” da barragem sobre a cabeça, a Associação, cuja quota mensal começou por ser de 25 tostões, não estagnou e , entre outras coisas, dinamizou e/ou realizou mesmo, o seguinte:
A construção da nova Escola Primária, onde era ministrado o ensino até à 4ª. classe, hoje 1º ciclo. Os miudos de então eram muito estudiosos e respeitadores, porque, na escola, para os cábulas e mal educados, havia um apetrecho que dava pelo bonito nome de “menina dos 5 olhos”, e em casa, os pais, para além do pão possivel e muito amor, tinham umas quantas “mézinhas” capazes de incentivar o estudo e a boa educação. Ao que parece aquelas ”poções” desapareceram de um grande número de casas portuguesas. E é Pena.!

A construção desta escola foi aprovada por despacho do Conselho de Ministros de 15 de Julho de 1941, mas, por vicissitudes várias, só veio a estar concluída em 1949. Desta vez a escola só era frequentada pelas as crianças da Foz do Dão, dado que um habitante do Chamadouro, a expensas suas, construiu ali uma escola que passou a servir os povos do Chamadouro, Oveiro e Vale Couço;

A construção e manutenção da cantina escolar onde ao meio dia era servido às crianças mais necessitadas um prato de sopa e um pedaço de pão;


Outras das realizações levadas a cabo pela Associação, foram:

- A reparação da capela;

- A construção do novo cemitério, em virtude de o que ficava junto à capela ter esgotado a sua capacidade. O cemitério tinha uma área de 480 m2 e era circunscrito por muros de pedra argamssada com 2.00 de altura e 0.40 de espessura. A construção dos muros foi adjudicada a Urbano de Matos (sobrinho) da Foz do Dão, pela importância de Esc: 7.500$00 (37.50 euros). A surriba, ensaibramento e nivelamento foram adjudicados a Joaquim Marques de Oliveira, da Foz do Dão e a António Manaia, de Almacinha, pela quantia de Esc: 2.900$00 (14.50 euros).

- Calcetamento, com pedra do rio, de vários arruamentos;

- Comparticipação monetária no funeral dos sócios e familiares mais necessitados;

- Comparticipação nos livros escolares dos filhos dos sócios com maiores carências.

Para fazer face às despesas inerentes àqueles emprendimentos, a Associação, socorria-se das quotizações, do trabalho dos habitantes da aldeia, dos fundos remetidos pelos nossos conterrâneos emigrados em terras de Vera Cruz e também das autoridades.

A Associação, geria de forma rigorosa o dinheiro dos seus associados e benfeitores.

Para tanto, instituiu que todas as obras por si realizadas, tivessem orçamento, concurso público, caderno de encargos e adjudicação por escrito.

-grupo de habitantes da Foz do Dão, numa tarde soalheira de Domingo-

-modelo da Autorização de Pagamento em uso pela Associação-

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