sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Aldeia da Foz do Dão - II

A Foz do Dão era essencialmente piscatória, tinha os únicos pesqueiros fixos desde a Figueira da Foz, onde se pescava, em grande abundância, podemos dizer aos milhares por época, as saborosas e, então bastante baratas, lampreias.

Ainda me lembro, como o diz o anúncio, de se comprar, em ano de grande bastança e no final de época, um exemplar por 25 tostões! Nas tabernas do Sr. Carlos e do Ti Arnaldo, nos meses de Janeiro a Abril e, apesar de todas as insuficiências da aldeia e por conseguinte destas casas, eram servidas centenas de refeições de lampreia (só se confeccionavam por encomenda) chegando a vir pessoas propositadamente de Lisboa, comer os ciclóstomos.

Aliàs, no livro de culinária “COZINHA TRADICONAL PORTUGUESA”, da autoria de Maria de Lurdes Modesto, consta uma receita de “lampreia à Fozdão” o que, naturalmente, não deixa de comprovar a boa qualidade da cozinha da Foz do Dão. Também, se pescavam ali bogas, barbos, enguias e sáveis em grande quantidade.

No rio Dão (antes da sua foz), havia um dos referidos pesqueiros e na margem esquerda do respectivo açude, havia um moinho (moenda) onde era moído milho, trigo, centeio e cevada produzidos nos terrenos da Foz do Dão e nas aldeias circundantes e que os moleiros carregavam para as moendas nos seus cavalos e burros. Igualmente, a cerca de 300 metros a montante da foz, mas no rio Mondego, havia mais uma moenda e pesqueiro

Ao cima daqueles, quer no rio Dão quer no Mondego haviam mais moinhos e pesqueiros, mas que, óbviamente, pescavam muito menos quantidade de peixe. Havia anos, quando as enchentes dos rios eram pequenas, que ali não chegava uma lampreia sequer.

A grande quantidade de lampreias eram pescadas nos pesqueiros fixos, digamos 99%, mas também havia a pesca à fisga (um arpão com seis dentes) fixado na ponta de uma vara e com o pescador de pé na ré do barco.

Moenda, movida com a água represada pelo açude do Rio Dão

-Açude do Rio Dão, nas suas extremidades situavam-se os pesqueiros-

Um comentário:

Elisabete Rosa disse...

Sr. Antero quero agradecer a disponibilidade de toda esta informação sobre a Foz do Dão, pela primeira vez vi fotografia onde estão familiares meus. Esta moenda era do meu avô.
Grata por todo o seu trabalho
Elisabete Rosa