sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Foz do Dão e a pesca


Outras formas de pesca:

FACHA – Pesca feita de noite, normalmente nos meses de Abril, Maio e Junho.
Um pescador transportava o facho de luz e outro um arpão de dentes muito finos. Andavam de jusante para montante em águas pouco profundas e correntes. O peixe ficava encandeado (parado) com a luz e era fisgado.
As fontes de luz começaram por ser pinhas a arder em cestas de rede de capoeira, mais tarde passaram a ser gasómetros (utensilios muito usados antigamente nas minas) e mais recentemente (há cerca de 30 anos) com candeeiro (petromax).
Esta pesca era proíbida.

CEVADOIRO – Pesca feita de noite, no Verão.
Consistia em engodar, (bolas de farelo amassadas com borras de azeite), determinado local do rio de águas paradas, e, ao cair da noite o pescador ia lançar a rede (tarrafa) sobre o local previamente a engodado.
Também era proibido

À MÃO – Pesca também de Verão até porque era necessário andar completamente metido na água.
O peixe, normalmente barbos, depois das águas terem sido “batidas” pelos pescadores à rede, tinha tendência a esconder-se sob as pedras, desde que o posicionamento destas o permitisse.
O pescador metia as mãos debaixo daquelas e lá trazia alguns exemplares, deixando, quase sempre, fugir muitos mais.

COM GUELRICHO – Tampem, de noite e de Verão. Era uma armadilha feita de rede de malha fina, com cerca 70 cm de comprimento e 25 de diâmetro, onde se colocava o isco (pequenos peixes secos), lançada no rio com a entrada virada para a foz e presa com uma pedra para que ficasse no fundo.
Com estas armadilhas pescavam-se essencialmente enguias e às vezes pequenas mas incomodas cobras de água

COM CORDA – Também, de noite tratava-se de uma armadilha para enguias.
Numa corda, com 4/5 metros de comprimento, colocavam-se vários anzois com isco igual ao dos quelrichos. Lançava-se no sentido prependicular à corrente com uma pedra atada em cada extremidade, sufientemente pesadas para que não fosse possivel o seu arrastamento.

DE ARREGANHO – Com frio em sentido literal. No inverno, em dias de grandes camadas de geada, os peixes (barbos) juntavam-se em cardume em águas de profundidade não muito superior a 1 metro, em locais onde houvesse grande incidência de raios solares e ali ficavam praticamente parados. Descoberto o local do arreganho era só lançar sobre ele a rede (tarrafa).
Pesca proibida

COM AZORRA PRA TRÁS – Pesca ao sável, de noite na Primavera.
O azorra pra trás foi inventado por um residente da Foz do Dão.
Consistia num aro de verguinha rodeando uma rede de capoeira com um metro de profundidade e 1 metro de diametro, atado numa vara comprida.
Os Savéis, para desovar juntavam-se em zonas de forte corrente do rio e faziam ruidosos movimentos quase á superficie. O nosso inventor, conhecedor desta faceta do peixe, ancorava o barco na zona onde supostamente se ia dar a desova, e quando esta de facto ali ocorria, lançava o aparelho e podia apanhar de uma só vez vários peixes.

Os pescadores mais velhos e experientes da aldeia, quando viram a “engenhoca” riram-se, e acreditavam tanto na sua eficácia, que alguns se voluntariaram para comerem crus todos os sáveis pescados “naquilo”. O certo é que, na primeira noite, a pesca com aquele aparelho rendeu 7 exemplares. Contudo, talvez por se tratar de uma especie com muitas espinhas e escamas, ninguém teve coragem de comer sável cru..

NA BRULHA – Local de desova, pesca normalmente durante o mês de Março, aliàs há um ditado popular que diz “no Dia de S. José (19.03) ou na brulha ou ao pé).
Trata-se de facto da desova do peixe, normalmente bogas.
Os peixes juntavam-se em cardume, em local pedregoso, com corrente forte, com altura de água de mais ou menos de 20/30 cm, para desovar, nessa altura, os pescadores lançavam as redes (tarrafas) sobre a brulha e pescavam grandes quantidades de peixe.
Pesca proíbida.






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